sábado, 21 de fevereiro de 2009

o amor cega-nos ...


o amor cega-nos ...


quando olhei para ti não pensei se eras baixo ou alto ... gordo ou magro ... o que fazias ... se tinhas borbulhas na cara ou não ... se daqui a uns anos ficarias careca ... se ... se ... se ... olhei apenas ... e senti aquele nervoso miudinho de quem se sentou à beira do precipicio pronto pra saltar sem saber se o paraquedas funciona ...


o amor cega-nos ...


no amor não pensamos muito ... talvez seja por isso que dizem que o amor é cego ... Tolda-nos a vista ... e deixamos de ponderar prós e contras ... e quando nos perguntam "o que viste nele?" somos capazes de ir aos promenores mais inocentes para justificar tal amor ...


o amor cega-nos ...


lembro-me do dia em que te vi pela primeira vez ... achei-te ... irresistivelmente tanso ... Ou um tanso irresistivel ... coisa que vim a comprovar 1 ano depois ... quando meteste conversa comigo na discoteca da moda ... Já "bebido", claro... Durante 1 ano pensei que tivesse sido mesmo o alcool que te neutralizou a vergonha e que te fez sair do teu estado de não meter conversa com as raparigas ... Mas o alcool só aflora a nossa personalidade ...


o amor cega-nos ...


dei por mim sem te controlar no meu pensamento ... Eis que me vem à cabeça o facto das moscas continuarem a ir em direcção à luz roxa ... mesmo que isso as mate ...


o amor cega-nos ...


um dia acordei contigo a meu lado ... a olhar fixamente para o postal que tinha na parede ... onde se lia "cada um tem o que merece" ... apenas me disseste "devo ter feito algo de muito bom pra te merecer ...


o amor cega-nos ...


vemos sempre o fim ... antes mesmo dele chegar ... O pior é mesmo quando não o vemos ... e mesmo assim ... ele chega ... Só aí nos apercebemos que há dores que doem tanto que acabam por deixar de ter os efeitos "passificos" que a dor tem ... o corpo habitua-se a ela ... e a alma é uma ferida aberta sem prazo para sarar ...


o amor cega-nos ...


"o problema era eu" ... constatações que se tiram quando alguem nos mexe nas "cartas de marear" e nos baralha a rota ... Mas nem sempre somos o problema ...


o amor cega-nos ...


e tu não me deixaste seguir ... Até agora ... E por me deixares ir é que eu sei que os passos que não consegui dar não era "fraqueza de pernas" ... e sim amarras tuas ... E mais uma vez dor ... Agora deixa-ma sentir por completo ... deixa-ma consumir completamente ... deixa-me desgasta-la e reduzi-la a memórias ... a aprendizagens ... Deixa-me ... Mesmo.


o amor não é cego ... mas o amor cega-nos ... e se às vezes o paraquedas funciona ... outras não ...



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