terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ausência ...


"a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência.
não esqueço que os teus lábios existem longe de mim.
aqui há casas vazias. há cidades desertas. há lugares.

mas eu lembro que o tempo é outra coisa, e tenho
tanta pena de perder um instante dos teus cabelos.

aqui não há palavras. há a tua ausência. há o medo sem os
teus lábios, sem os teus cabelos. fecho os olhos para te ver
e para não chorar."


(José Luis Peixoto)

em todas as ruas ...


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

(Mário Cesariny)

ausente ...


Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face


Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio


Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente


(Sophia Mello Breyner Andresen)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

metereologia e PPR's...


hoje apetece me gritar ao mundo que estou feliz ... Baralhada mas feliz ... loool ... ou estamos feitos "mongos" porque o mundo "nos deu o cu" ... ora estamos aos "pinotes" porque ... derrepente ... (e o que é importante acontece sempre derrepete ... sem esperarmos) surgem na nossa vida "razões superiores" ... palavras que aumentam esse "bicho-ego" ... pessoas que nos levam a questionar o que Ben Harper questiona: "com tantas pessoas importantes no mundo porque é que eu me vou importar só com uma?" ... situações no mínimo engraçadas ... (sujeito Ç: "tb quero umas aulas de surf" ... resposta: "ahah (risos) eu a ti ensino te é outras coisas!" ... sim sim ... saiu da minha boca ... mas foi o Terras do Pó ... o Monserás e o Borba a falarem por mim ... cof cof cof) .... Mas como eu dizia ... ora choramos cântaros ora rimos mais estrondosamente que uma trovoada ... É tudo uma questão metereologica ... aleada aos Planos Poupança Reforma ... looool

não percebem nada do que eu estou praqui a despejar pois não?! ... tb não vos conto! Estou feliz! ... e ainda que seja só por hoje ... este é daqueles momentos a que gosto de chamar tão simplesmente "primeiro raio de sol depois de uma tempestade" ... é como vos digo ... questões metereológicas ... e PPR's ... :P

domingo, 27 de janeiro de 2008

tento ...


Vi-te hoje ... no reflexo do meu chá ... balancei o copo e o liquido nele contido levou-te embora entre as ondulações ... Dei por mim a desenhar a inicial do teu nome num pedaço de papel ... sublinhei o ... rasurei o ... risquei o ... com tanta força que rasguei a folha ... Procuro o teu cheiro na minha almofada ... aquele misto de champô e tabaco ... e quando o encontro ... abro a varanda ... atiro a almofada desdenhosamente para cima da cadeira ... e espero que o sol e o vento levem esse teu odor ... Deito me e o que vejo é o teu pestanejar nervoso e aquele teu olhar específico ... o que ouço é a tua gargalhada única e as palavras que me disseste numa noite ... salto da cama ... espreito à janela e ficas esquecido entre os carros estacionados ou entre um miar ansioso do meu gato ...

Tento ... tento com tanta força esquecer te por esses lugares ... por esses luares ... tento esquecer o tanto que eu não te disse e o tanto que ficou por me ensinares ... O ser humano aguenta tanto ... mas a incerteza ... o impossível de entender ... destrói o ... tu és a minha incerteza ... não te sei ler ... não te quero ... mas também não te quero deixar ir ... não sei se lute ... se a "batalha" foi há muito perdida ... Desistir não faz parte do meu nome ... mas tentar chegar a ti é mais desgastante do que subir ... à corrida ... as escadas rolantes do metro do Chiado ... as que descem ... claro! ou correr a apanhar o comboio que já partiu há 3 minutos ... És tu cartão de crédito sem limite ... alucinante ... aliciante ... até o ter de pagar ...

Tento ... tento tanto apagar te da memoria ... mas ao mesmo tempo não te quero fora de mim ... hoje dás me um rosto fechado e uma tristeza inquietante ... mas outrora deste me um sorriso aberto e uma felicidade de criança ... Tenho te medo ... medo de ficar derrepente vazia de ti ... e o medo ... como diz Danni Carlos ... "mora perto das ideias loucas" ... Assim não te apago depressa ... nem que uma máquina o permitisse ... Vou-te apagando entre suspiros de saudade e fome de mudança ... entre uma memória tua e uma cara nova e palavras que elevam o ego ... entre o teu mundo e o meu ... tão diferentes ... Apago te ao meu ritmo ... ao compasso do meu coração ... e do espaço que vais criando com a tua ausência ...


(ao som de "Coisas que eu sei" de Danni Carlos)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

sinais de fumo ...

Hoje apetecia me arrastar te para o canto e beijar te ...

Xiu cala-te!!! o sonho é meu ... a vontade ... é minha (?!) - será só minha ... caramba? - ... Mas há mais .... o orgulho também é meu ... E sim ... sou tão orgulhosa ...

fico quieta ... como uma fiel espectadora ... cansada de enviar sinais ... esperando agora um qualquer fumo dessa fogueira ...

o despertar da mente...


“Too many guys think I'm a concept or I complete them or I'm going to make them alive, but I'm just a fucked up girl who is looking for my own peace of mind. Don't assign me yours.”

'O despertar da mente'

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

vem ...





"Dá me de ti ... eu dou te de mim ..." foi o que um dia te pedi ... sem usar palavras ... usando apenas actos censurados ... desmedidos ... desordenados ... exagerados ... mas sentidos ... que sempre soube aumentarem o teu ego em detrimento do que pudesse vir ... do que pudesse ser ... E mm assim n me cansei de te tentar provar que ... entre o caus que te provocava ... tudo o que queria era que me desses a mão e viesses ... Viesses espreitar um outro mundo ... onde sentisses o "queimar" de um abraço ... que viesses e me deixasses rasgar essas tuas amarras invisíveis ... que viesses e me deixasses desorganizar essas tuas ideias imutáveis ... que viesses e me deixasses derreter no brilho do teu olhar ... que viesses mostrar me a complicação da tua simplicidade e a simplicidade da tua complicação ... que viesses e me revelasses o segredo das piadas para rir ... que viesses e me explicasses esses teus modos estranhos ... nem sempre humanos ... que viesses jogar comigo à bola na praia até esbarrarmos um o outro e ficarmos os três abraçados ... eu tu e a areia molhada ... que viesses e me contasses onde descobriste os "acordes das minhas notas" que tocas sem compreender a imensidão do essa melodia provoca em mim ... que viesses e me devorasses e me prendesses ... que viesses e percebesses que a minha irracionalidade não é louca é apenas resultado do vazio que me fazes sentir ... que viesses para eu mostrar que não és meu desejo ... pk não me nasces do ego ... és meu sonho ... pk me habitas a alma e me ocupas esse "órgão traiçoeiro" ... que viesses e me compreendesses para além do superficial ... que viesses e sentisses o roçar lânguido dos meus lábios no teu pescoço e aí estremecesses ... que viesses e partilhasses uma sanduiche de pão saloio misto e um pacote de Caprisone num qualquer miradouro caiado com vista para o mar e para o pôr do sol ... que viesses e que entre o vermelho e o verde do semáforo me beijasses até todos os carros apitarem eufóricamete ... que viesses e o cheiro do meu perfume (aquele que gostavas ... sabes?) te invadisse as narinas de tal forma que o ar que respiravas teria de ser perfumado com o meu aroma para te ser vital ... Mas não vens ... és pior que os gatos da rua que correm para de baixo dos carros quando alguém lhes tenta afagar o pelo ... não vens e a mim apetece me ir te buscar ... mas fico quieta ... talvez um dia uma nortada de traga pelo ar aos trambolhões até à minha rua ... até lá tenho te guardado numa caixinha que escondi numa das minhas prateleiras onde não chego ... assim não te vejo ... não custa (tanto) e não sinto (muito) a tua ausência ...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

cicatrizes ...

e neste mundo de solidão nada há o que se compare ao que vem com o teu abraço ... o sangue a correr mais depressa nas veias ... o pensamento bloqueado ... o tempo parado ...


... julguem me doida ... e sim ... talvez se
ja loucura ... que importa?! ...

aprendi a viver com as cicatrizes ...



(ao som de Blee
ndig Love de Leona Lewis)

deixa correr ...


deixa correr .... tb os rios correm a seu ritmo ... não param no caminho ... não temem as pedras nem as quedas de àgua ... vão ficado cada vez mais fortes ... até chegarem a algo bem maior ... mar ...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

deixa...









(great expectatio
ns)







vem enroscar-te comigo um cantinho da noite...






Deixa que a chuva caia e bata na janela a pedir para entrar...



Deixa o relógio na mesa e vem esquecer o tempo...



Deixa-me mostrar-te que o medo é coisa fugaz e vulgar...



Deixa que os meus lábios só conheçam um destino e que esse destino seja a tua boca a tua pele...tu...



Deixa-me ser precipício meio e fim...



Deixa de lado essas guerras que travas contigo mesmo...



Deixa-te vir descansar em mim...









(ao som de Bubly de Colbie Caillat)

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

murros na mesa ...

estou feliz "porque sim", como diria o meu Calota ... Mas, estou feliz, essencialmente, porque o ser humano tem destas coisas ... o sentir-se realizado quando sabe dar um "murro na mesa" e sabe decidir o que quer ou não da vida ...

Napoleão Bonaparte já dizia que o pior que um homem podia ter era incerteza ... pois bem ... Posso ter mil e um defeitos, mas se há coisa que gosto é de tomar decisões e dizer "quero" e "não quero" ... e estar sempre certa que segui a minha vontade por inteiro ... Tudo isto aleado ao "pôr o dedo no ar" e dizer "estou aqui, fui eu, sinto isto, penso aquilo" é, meus caros, "ouro sobre azul" ... fantástico ...

Estou para aqui nas minhas filosofias porque hoje, como em tantos outros dias da minha vida, tive de tomar uma decisão difícil ... aliás, duas ... (não vos conto, porque também não posso contar tudo ;) ), pode-la-ia ter adiado, mas não .. o tempo não pára, a vida não espera e isto meus amigos é tão certo como eu me chamar Ana; não conseguir parar até comer uma caixa inteira de chocolates e o meu gato Zorro puxar o autoclismo da minha casa de banho ... Às vezes apercebemos nos que seguimos o caminho errado, mas seguimos o caminho que nos fez sentir bem ... e podem crer que mesmo no errado há sempre algo certo ... e ai começa um novo caminho cheio de decisões por tomar, de buracos pra cair e levantar, de pedras pra nos sentarmos a descansar de sombra pra nos proteger, de oásis pra nos iludir, de sol pra nos dar cor e de e de e de ... Não faço com isto a vida "cor-de-rosa", faço-a com muitas cores ... cinzentos, pretos, até ... mas, definitivamente muitos amarelos, roxos, cor de rosa choque, azulão ...

Por isso toca a cerrar o punho e a dar "murros na mesa" ... não esperem e desesperem sem encontrar solução ... até darem por vocês ... e terem perdido tempo ... e esquecido de impôr a vossa vontade ...

memória da pele ...


'(...) não há memória mais cruel que a da pele. O coração deixa de sentir, a cabeça esquece, mas a pele continua a arder (...) ' já dizia Inês Pedrosa in. A Instrução dos Amantes ...

não te quis ... juro! ... mas nunca nos cabe a nós essa escolha ... Foste ficando ... foste conhecendo os meus dias e eles foram-se habituado a ti ... e é no momento exacto, que sentes que o gelo da tua fachada quebra, que sabes que não há volta ... ou há ... mas não será tão fácil ... É nesse momento que a noite, sem o calor e o perfume da tua pele junto da minha, custa a embalar-me no sono ... e fechar os olhos e tentar agarrar te de nada vale ... É nesse momento que a minha pele sente a falta dos teus dedos a percorrerem o meu corpo, a falta da tua mão a fechar-se na minha, dos teus braços à minha volta, do teu beijo no meu ombro e do teu olhar diluido no meu ...

se tu soubesses ...



se tu soubesses o quanto custa ...

... não te ter perto ... ver-te e saber que não me pertences, porque pertences ao teu tempo, ao teu espaço, porque és pedaço de estrela, és do infinito, do mundo ... de quem um dia te "agarrou" ... Custa saber que já perdi mesmo antes da "batalha" começar ... custa ver-te sem te poder tocar ... custa olhar nos teus olhos, tão iguais aos meus, e ver que eles apenas olham os meus ... sem terem vontade de os entender, para além do visível ... custa que não percebas... e custa ainda mais não ter coragem pra to dizer ... e saber que essa coragem não virá ... Chama-me cobarde, medrosa ... e sim ... sou ... Somos tanto para tantos ... e basta um para nos fazer aperceber que o coração bate no peito ... A mim ... bastas te me tu ... Bastas te me desde aquele momento em que entrei no "teu mundo" ... e te vi ... e tu me disseste "olá" ...

não escolhemos quem nos ocupa o pensamento ... o coração ... quem nos provoca aquela "fábrica de borboletas" no estômago ... não escolhemos em quem pensar quando "aquela" música toca ... não escolhemos ficar atrapalhados quando aquele alguém nos fala ... não escolhemos quem "abraçar" antes de adormecer e quem "beijar" a cada manhã que acordamos, ainda que em sonhos ... Também eu não te escolhi ... e no entanto ...

mas sabes uma coisa? que importa?! ... sempre soube que ia ser assim e não poderia ser de outra forma ... Não te guardo no coração, como quem parte ... porque nunca chegaste a chegar ... guardo-te no meu coração simplesmente ... e guardo-te na minha alma ... com todo o cuidado e tempo ... com toda a paz e a doçura ... e deixo correr ... como tudo o que realmente importa ... com a certeza de ser tua ...