domingo, 27 de janeiro de 2008

tento ...


Vi-te hoje ... no reflexo do meu chá ... balancei o copo e o liquido nele contido levou-te embora entre as ondulações ... Dei por mim a desenhar a inicial do teu nome num pedaço de papel ... sublinhei o ... rasurei o ... risquei o ... com tanta força que rasguei a folha ... Procuro o teu cheiro na minha almofada ... aquele misto de champô e tabaco ... e quando o encontro ... abro a varanda ... atiro a almofada desdenhosamente para cima da cadeira ... e espero que o sol e o vento levem esse teu odor ... Deito me e o que vejo é o teu pestanejar nervoso e aquele teu olhar específico ... o que ouço é a tua gargalhada única e as palavras que me disseste numa noite ... salto da cama ... espreito à janela e ficas esquecido entre os carros estacionados ou entre um miar ansioso do meu gato ...

Tento ... tento com tanta força esquecer te por esses lugares ... por esses luares ... tento esquecer o tanto que eu não te disse e o tanto que ficou por me ensinares ... O ser humano aguenta tanto ... mas a incerteza ... o impossível de entender ... destrói o ... tu és a minha incerteza ... não te sei ler ... não te quero ... mas também não te quero deixar ir ... não sei se lute ... se a "batalha" foi há muito perdida ... Desistir não faz parte do meu nome ... mas tentar chegar a ti é mais desgastante do que subir ... à corrida ... as escadas rolantes do metro do Chiado ... as que descem ... claro! ou correr a apanhar o comboio que já partiu há 3 minutos ... És tu cartão de crédito sem limite ... alucinante ... aliciante ... até o ter de pagar ...

Tento ... tento tanto apagar te da memoria ... mas ao mesmo tempo não te quero fora de mim ... hoje dás me um rosto fechado e uma tristeza inquietante ... mas outrora deste me um sorriso aberto e uma felicidade de criança ... Tenho te medo ... medo de ficar derrepente vazia de ti ... e o medo ... como diz Danni Carlos ... "mora perto das ideias loucas" ... Assim não te apago depressa ... nem que uma máquina o permitisse ... Vou-te apagando entre suspiros de saudade e fome de mudança ... entre uma memória tua e uma cara nova e palavras que elevam o ego ... entre o teu mundo e o meu ... tão diferentes ... Apago te ao meu ritmo ... ao compasso do meu coração ... e do espaço que vais criando com a tua ausência ...


(ao som de "Coisas que eu sei" de Danni Carlos)

3 comentários:

Fipa disse...

como te percebo... m n apagues totalmente kem memorias bonitas t deixou =)

Anónimo disse...

O ser humano é horrível,para quê tanta dor e sofrimento se para quem está de fora devorar essa dor e achar lindo que te deve ter custado tanto escrever. Sabes que não tenho dons e adoraria saber bem escrever (e Cantar também)mas sei do que gosto de ler,e custa-me ler-te tão bem. ou não... =)

Joanne disse...

O sofrimento faz a alma crescer. Quando não der para crescer mais voaremos sobre o que nos ensinou a andar =D