quarta-feira, 29 de maio de 2013



Girl with a bird she found in the snow
that flew up her gown, and that's how she knows
that God made her eyes for crying at birth
then left the ground to circle the earth

alex clare...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

a minha história.

A minha história contada por quem me conhece ... um dia conta-la-ei aos meus filhos ...

"Era uma vez, há muito, muito tempo… numa terra dominada por magias e feitiços…. Morava um alquimista, que durante toda a sua vida correra atrás do sonho de produzir o ouro mais valioso, o metal mais brilhante, a fórmula que lhe mudasse a vida sem retorno… durante anos percorreu todas as tormentas daquele mundo numa demanda inacabada sobre os componentes, sobre os compostos os elementos… estudou… imaginou… testou… errou…

Morava também uma feiticeira, alias, a feiticeira das feiticeiras... que de tanto enfeitiçar se enfeitiçou pelo alquimista… talvez porque acreditou no seu sonho… porque, no fundo, a magia da feiticeira era o sonho do alquimista…

Reuniram com bruxas… assombraram fantasmas… visitaram mágicos… pediram conselhos aos deuses… correram todos os cantos do seu mundo onde houvesse um poço de sabedoria… juntaram os metais mais fortes da terra… apanharam a areia do fundo do mar… colheram pétalas das nuvens… mandaram vir estrelas cadentes… recolheram raios de sol em frascos com tampinha… trouxeram rubis e esmeraldas… formaram cristais de brutos diamantes… e quando viram isto tudo amaram-se… amaram-se no único calor capaz de derreter tais seres… que se foram juntando… um a um… do ferro às esmeraldas e rubis… passando pela dureza dos diamantes… animadas por estrelas cadentes e protegidas pelas nuvens e pelo sal do mar… queriam criar ouro… e criaram-te a ti…

Os deuses souberam… ficaram fulos… tinham demorado milénios a criar e aperfeiçoar o Homem… andavam à séculos a otimiza-lo… como que a uma máquina… tanto esforço na busca pela perfeição … para quê… ?

Viraram a vida do avesso aos criadores … e a ti… deixaram-te com a vida para viveres e veres como te desenrascavas por aí… fizeram tudo para que te estampasses na primeira curva… para provarem que não és a perfeição que apregoavam… e tu… tu foste vivendo um dia de cada vez… com a dureza da dor de saber exatamente onde dói… foste crescendo devagarinho, primeiro o corpo depois a alma… foste caindo e foste-te levantando… foste-te moldando… foste, tantas vezes, levada pelo vento para mundos desconhecidos… para a dor do sofrimento de não saber onde é o teu ninho… e voltaste sempre… e esses deuses sabem lá o que te fazer mais… e de cada vez que caíste, ou te esbarraste no sol e queimaste as penas todas… ou caíste num qualquer mar e te encheste de sal … por cada vez que renasceste dos metais… ou que a estrela cadente te deu forças para reviveres tudo… de cada uma destas vezes foste dizendo a todos, neste mundo de mágicos, que ainda és muito mais do que te pintam… foste formando a definição da complexidade do ser… a permanente inquietação da mente, a constante necessidade de crescer mais, de sentir mais, de ser maior… tornaste-te no que Deus sonhou para o Homem… tornaste-te mais profunda que os mares… ficaste sempre mais longe que o teu céu… talvez por isso que sempre que tentas voar alto acabas por cair… o céu tem medo do teu tamanho… és mais do que todas as estrelas… e não sabes… não amas… é o mundo que te ama… venera-te… o mundo quer ser como tu… e tu não sabes…"

domingo, 19 de maio de 2013

pedaços de caos

Talvez os homens sejam pedaços de caos sobre a desordem que encerram e talvez seja isso que os explique.

José Luís Peixoto

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Faz tempo...

Há quanto tempo não me arde o coração?

nunca fui moça bem-comportada

"Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até à fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros, mãos massajando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou."

[Maria de Queiroz]

quinta-feira, 9 de maio de 2013

a música que nem todos ouvem ...

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados loucos por aqueles que não podiam escutar a música."

Friedrich Nietzsche

quarta-feira, 8 de maio de 2013

eu...

"Arranca metade do meu corpo, do meu coração, dos meus sonhos.
Tira um pedaço de mim, qualquer coisa que me desfaça.
Me recria, porque eu não suporto mais pertencer a tudo, mas não caber em lugar algum."

José Saramago


foste tu...

Fazes o silêncio dos lilases que esvoaçam
na minha tragédia do vento no coração.
Fizeste da minha vida uma história para crianças
onde naufrágios e mortes
são pretextos de cerimónias adoráveis.

Alejandra Pizarnik
in Antologia Poética (Edição Bilingue) | O Correio dos Navios
E quanto mais te perco mais te encontro
morrendo e renascendo e sempre pronto
para em ti me encontrar e me perder.

Manuel Alegre

terça-feira, 7 de maio de 2013

Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Drive fast

Drive fast on empty streets with nothing in mind except falling in love and not getting arrested.

Hunter S. Thompsom