segunda-feira, 20 de maio de 2013

a minha história.

A minha história contada por quem me conhece ... um dia conta-la-ei aos meus filhos ...

"Era uma vez, há muito, muito tempo… numa terra dominada por magias e feitiços…. Morava um alquimista, que durante toda a sua vida correra atrás do sonho de produzir o ouro mais valioso, o metal mais brilhante, a fórmula que lhe mudasse a vida sem retorno… durante anos percorreu todas as tormentas daquele mundo numa demanda inacabada sobre os componentes, sobre os compostos os elementos… estudou… imaginou… testou… errou…

Morava também uma feiticeira, alias, a feiticeira das feiticeiras... que de tanto enfeitiçar se enfeitiçou pelo alquimista… talvez porque acreditou no seu sonho… porque, no fundo, a magia da feiticeira era o sonho do alquimista…

Reuniram com bruxas… assombraram fantasmas… visitaram mágicos… pediram conselhos aos deuses… correram todos os cantos do seu mundo onde houvesse um poço de sabedoria… juntaram os metais mais fortes da terra… apanharam a areia do fundo do mar… colheram pétalas das nuvens… mandaram vir estrelas cadentes… recolheram raios de sol em frascos com tampinha… trouxeram rubis e esmeraldas… formaram cristais de brutos diamantes… e quando viram isto tudo amaram-se… amaram-se no único calor capaz de derreter tais seres… que se foram juntando… um a um… do ferro às esmeraldas e rubis… passando pela dureza dos diamantes… animadas por estrelas cadentes e protegidas pelas nuvens e pelo sal do mar… queriam criar ouro… e criaram-te a ti…

Os deuses souberam… ficaram fulos… tinham demorado milénios a criar e aperfeiçoar o Homem… andavam à séculos a otimiza-lo… como que a uma máquina… tanto esforço na busca pela perfeição … para quê… ?

Viraram a vida do avesso aos criadores … e a ti… deixaram-te com a vida para viveres e veres como te desenrascavas por aí… fizeram tudo para que te estampasses na primeira curva… para provarem que não és a perfeição que apregoavam… e tu… tu foste vivendo um dia de cada vez… com a dureza da dor de saber exatamente onde dói… foste crescendo devagarinho, primeiro o corpo depois a alma… foste caindo e foste-te levantando… foste-te moldando… foste, tantas vezes, levada pelo vento para mundos desconhecidos… para a dor do sofrimento de não saber onde é o teu ninho… e voltaste sempre… e esses deuses sabem lá o que te fazer mais… e de cada vez que caíste, ou te esbarraste no sol e queimaste as penas todas… ou caíste num qualquer mar e te encheste de sal … por cada vez que renasceste dos metais… ou que a estrela cadente te deu forças para reviveres tudo… de cada uma destas vezes foste dizendo a todos, neste mundo de mágicos, que ainda és muito mais do que te pintam… foste formando a definição da complexidade do ser… a permanente inquietação da mente, a constante necessidade de crescer mais, de sentir mais, de ser maior… tornaste-te no que Deus sonhou para o Homem… tornaste-te mais profunda que os mares… ficaste sempre mais longe que o teu céu… talvez por isso que sempre que tentas voar alto acabas por cair… o céu tem medo do teu tamanho… és mais do que todas as estrelas… e não sabes… não amas… é o mundo que te ama… venera-te… o mundo quer ser como tu… e tu não sabes…"

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