"Escritor francês e músico de jazz, nasceu em 1920 e desde cedo se envolveu com personalidades de vulto do existencialismo francês.Em 1946 surge, envolto em polémica e escândalo, o seu primeiro romance, J’irais Cracher Sur Vos Tombes (Hei-de Cuspir-vos na Sepultura), publicado sob o pseudónimo Vernon Sullivan. Seguem-se L´écume des Jours (A Espuma dos Dias) e L´automne à Pékin (O Outono em Pequim), ambos publicados em 1947 e L´Arrache-Coeur (O Arranca Corações, 1953). Escreve peças de teatro do Absurdo, como L´Équarissage Pour Tous (Esquartejamento Para Todos), publicado em 1998 ou Le Gouter des Généraux (O Chã dos Generais, publicado em 1965). Redigiu também óperas e escritos sobre uma das suas paixões (toda a sua vida, aliás, parece não mais ter sido do que paixão), o jazz. Compôs Le Deserteur (O Desertor), bela canção anti-belicista (Vian foi uma das vozes que se destacou na luta contra a dominação francesa sobre a Argélia).Morreu aos trinta e nove anos de idade, vítima de ataque cardíaco.Boris Vian medita sobre a condição humana sem sobranceria ou angústia. Acredita no amor, na imaginação, no riso (palavras opacas a que ele confere uma veracidade cristalina). Para quem, inadvertido, abra um dos seus livros, a surpresa e o doce esforço de aceitação do seu mundo são experiências inesquecíveis. Como um músico que toma nos braços o saxofone e, alegre e livremente, vai improvisando as mais belas melodias, Boris Vian leva-nos a conhecer personagens e situações plenas de audácia e ternura. O leitor sente-se como se, de repente, descobrisse um alçapão no seu caminho de todos os dias, o abrisse e se pusesse à espreita; como se descobrisse que por detrás da cortina do seu quarto há uma janela oculta, aberta de par em par para o humor, para a amizade e para a paixão.Há quem lhe chame um «cultivador do absurdo». Mas que absurdo tão cheio de beleza, de harmonia, de desconcertantes descobertas sobre a natureza humana! Que absurdo prenhe de sentido!"
Quero uma vida em forma de espinha
Num prato azul
Quero uma vida em forma de coisa
No fundo dum sítio sozinho
Quero uma vida em forma de areia nas minhas mãos
Em forma de pão verde ou de cântara
Em forma de sapata mole
Em forma de tanglomanglo
De limpa chaminés ou de lilás
De terra cheia de calhaus
De cabeleireiro selvagem ou de édredon louco
Quero uma vida em forma de ti
E tenho-a mas ainda não é bastante
Eu nunca estou contente
Boris Vian
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